segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Vinte e poucos


Está circulando na internet um texto, de autor desconhecido, chamado “A Síndrome dos Vinte e Poucos Anos”. Apesar de a princípio desconfiar desses virais cujo conteúdo parece encantar a todos muito facilmente, cheirando a produto que já vem digerido - como qualquer um dos livros de Nicholas Sparks, a nova casa noturna que você preciiiisa conhecer, e, mais ainda, figuras talentosíssimas (totalmente comerciais) ao estilo de Lana del Rey ou Lady Gaga -, resolvi descobrir o que havia na obra assinada por DESCONHECIDO, Autor. 

O Mr. Unknown não escreveu nada de extraordinário, mas utilizou-se do infalível artifício conhecido como identificação, fazendo a galerinha que recém começou a viver a terceira década de vida enxergar-se naquelas linhas como se diante de um espelho. Estando eu incluída na faixa etária, tive a mesma sensação que meus parceiros de clubinho: ao ler as palavras que descreviam muito de como tenho me sentido, quais mudanças tenho percebido, e o rumo que em geral os acontecimentos têm tomado, pareceu-me que o sem-nome andou espionando meus pensamentos. 

O autor-oráculo decorre sobre como nossos gostos inclinam-se para uma direção mais determinada, o quanto nossa tolerância adolescente dá lugar para o pensamento crítico, como nossa percepção altera-se drasticamente, além do círculo (e vida) social que, para quem não fica preso ao mesmo universo dos anos teen, costuma mudar consideravelmente. Em resumo, sobre as alterações todas que podem (ou não) desvairar nossas metamórficas cabecinhas. Francamente, acredito que quem não passou por nenhuma transformação nessa etapa de natural transição provavelmente segue consultando o pediatra e ganhando pirulito na saída. Metaforicamente falando. Ou não. 

Ter vinte e poucos significa sair da zona de conforto que há pouco havia despedido-se da infância e apenas avistava longinquamente a vida adulta e as responsabilidades incluídas no pacote. Os vinte e poucos de agora em nada têm a ver com os de nossos pais, ainda que eles jurem ter passado por exatamente as mesmas coisas. É uma idade em que damos de novo os primeiros passos, descobrimos a independência, entendemos a singularidade, desvendamos o respeito e a gratidão, vivenciamos uma avalanche de sentimentos novos, desta vez sem todas as bobagens essenciais da adolescência. Seja mudando completamente ou seguindo o mesmo caminho, começamos a moldar com maior clareza quem seremos nas próximas décadas. E, sim, já dá para começar a contabilizar décadas. 

Diferentemente do Autor Desconhecido, não desejo ter novamente 16 anos, mas concordo que os 30 chegam em um piscar de olhos - sem pânico, gente. Aproveitemos, então, os 20 e companhia, entendendo tudo e nada ao mesmo tempo, e permitindo-nos viver quantas crises forem necessárias. Ainda estão para inventar uma maneira mais divertida de enlouquecer.

3 comentários:

  1. Bah! Guria, me identifiquei com o texto... Mas talvez seja porque estou mais perto dos 30 do que dos 20 e os 16 anos parecem um sonho comparado à realidade adulta de agora. ;)

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  2. Hahahah... como tu és perspicáz, realmente, Ingrid! Este texto, na verdade, é bem antigo. Eu já tinha me deparado com ele há muitos anos... e àquela época, já o achei inconsistente. Ignorei-o. Mas, já que te deste ao trabalho de criticá-lo, pegarei carona no ensejo!

    Vamos lá:

    Ao chegar na casa dos vinte, meu círculo de amigos aumentou.
    Só me assustava dos amigos casando se achasse que isso poderia acontecer comigo! Morria de pena deles!
    Minha resistência permaneceu a mesma e, por acaso, parei de beber bebdidas alcoólicas e mudei minha alimentação aos 22, isso me fez ter, ainda mais resistência e gastar menos! Aliás, o preço da bebida foi um dos fatores para eu parar de consumí-la. Continuei saindo TODAS as noites até os 30 anos.... fiquei alguns anos ocupado com família, trabalho e estudo, depois disso e reduzi as saídas, no entanto, ali pelos 38, voltei a sair TODAS as noites. =/
    Na adolescência resolvi ser psicólogo, mas resolvi começar esta carreira aos 40. Então, dos 20 até os 40, eu podia fazer qualquer coisa e isso não me assustava nem um pouco! Começar de baixo, também nunca me deu medo, algum! Teria medo de começar POR CIMA! Imagine ser diretor de uma multinacional aos 20!!
    "você trata de começar a se entender, sobre o que quer e o que não quer" - isso não é na pré-adolescência que se faz? Opiniões mais fortes? Minhas opiniões SEMPRE foram fortes. E, talvez, fossem mais fortes quando eu era criança. A consciência crítica, as vezes, nos enfraquece. =/
    Lista do que é aceitável ou não? Isso muda com o tempo? Talvez o hábito de chupar bico ou andar carregando algum brinquedo....
    Sentir-se genial e incrível e às vezes com medo e confuso.... Isso não acontece durante TODA a vida? Desde muito antes dos 20? Será que não vai acontecer aos 30, 50, 80...104 anos do Niemeyer? rsrsrs...
    Obstinar-se ao passado? E ter que "pedir" pra fazer qualquer coisa? Ter de dar satisfação para alguém do que se quer ou faz? Não acredito que alguém pense nisso!!
    Carreira, dinheiro, competição... vivendo num país capitalista, nada mais natural.

    Jamais quereria voltar à adolescência ou à infãncia! Aliás, meu sonho de infância era ter 40 anos! Sempre acham(avam) graça deste meu sonho! Mas, ter quarenta anos, tendo trilhado a vida enfrantando desafios e desditas, vivenciando alegrias, vitórias, derrotas e revézes... tendo vivido, de fato... é fantástico! Sou muuuito feliz em sentir-me, EU, mesmo! Em saber que cheguei, AQUI! E posso dizer que, hoje, sou um HOMEM. Se fosse do sexo feminino, poderia dizer que sou uma MULHER. Mas, o que digo é que ninguém pode duvidar de mim. Tenho dentro de mim toda a conquista que obtive! E, só por acaso, tenho provas concretas e testemunhas para avalisar meus atos.
    (...)

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  3. Trinta anos não chega tão rápido como se pensa.... levei trinta anos para chegar lá! E ao chegar, ainda tinha mais dez anos pra chegar aos quarenta! Ainda, agora, sou uma criança! Brinco, divirto-me com pequenas coisas.... sonho, idealizo, enlouqueço! Só que, agora, posso fazer o que quiser sem ter que pedir pra ninguém ou dar explicações. Por acaso, num mundo capitalista, também tenho algum dinheiro para realizar "coisas".

    Não, jovem "vintista", estas alusões não se referem a um período restrito da vida! Elas se referem a um modo de viver/desenvolver-se! Tu podes sentir todas estas coisas por TODA tua vida, ou, de certa forma, nunca sentí-las.... ou não todas juntas. E este texto restringe-se a um tipo de jovem, massificado, empregnado de "sonhos" vendidos pela televisão e outros mecanismos de "conformação" de comportamento.

    ESQUEÇAM os números que contam os anos que faz que vocês existem sobre a Terra!
    Vivam e façam o que quiserem, de acordo com suas cabeças e suas capacidades físicas, independentemente de quais algarismos constam em suas cédulas de identidade.
    A vida se dá estando VIVO! Enquanto sentirem seus músculos, seu sangue, o ar em seus pulmões, as descargas de adrenalina.... VIVAM! E JAMAIS lhes deixem dizer que não podem fazer algo, só pq têm esta ou aquela idade!

    A IMENSA e INIGUALÁVEL dádiva de se ter mais do que dezoito anos é, justamente, poder ASSUMIR suas escolhas! A partir daí, não existe mais limites! Exceto os da tua mente! Ou os da tua percepção. Tudo é vontade e escolha. Bom senso? Se tiveres, hás de viver mais. Só isso.

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