sexta-feira, 13 de julho de 2012

48 horas existindo


Pois é, fiz o teste. Não foi premeditado, simplesmente olhei para o computador e, em um impulso incontrolável, parecido com aquele que a gente sente quando se depara com uma caixa de Bis branco e ninguém está olhando, cliquei. Desativei minha conta do Facebook. Desculpa aí, Zuckerberg. 

Preciso admitir: ando num momento pavio curto, sem a paciência com a qual eu antes administrava lindamente o dia a dia. É apenas uma fase, provavelmente a tal crise-pós-intercâmbio surgindo tardiamente, crise de meia-idade antecipada, astros desalinhados, ou coisa que o valha. Basicamente, tenho achado as imbecilidades imbecis demais para suportar, e o Facebook é um espaço que concentra uma quantidade massiva de asneiras que a impaciente aqui não tem conseguido engolir. Pode me chamar de besta intolerante - eu concordo.

A questão que eu quero levantar com a história do assassinato (parcial apenas, porque não se apaga a conta, pode-se apenas desativá-la) do meu Face é que, como mencionei, não estou no melhor período da minha existência, o que pode acontecer com qualquer mortal. Nos últimos meses, vivi um período de constante questionamento sobre minha insatisfação crônica sem fundamento. Durante esse processo, compartilhei da forma mais clara que consegui essa angústia, ora com amigos próximos, ora com qualquer ouvido que estivesse por perto. 

Minha conclusão foi que, por mais bem intencionadas que as pessoas sejam, ninguém consegue entender por meio de palavras sentimentos que são turvos até para quem os vive. Entre um diálogo e outro, a sensação ruim alheia acaba caindo no esquecimento. Nada de condenável, coisas de humanos.

Isso, é claro, até eu resolver desativar sem aviso prévio aquela página com a minha foto, minhas informações - praticamente minha identidade digital desenhada em azul e branco. Menos de duas horas após eu ter cometido o crime social (mais especificamente: de madrugada), fui bombardeada com mensagens SMS, e-mails, tuítes, cartas e sinais de fumaça com a fatídica pergunta “Você apagou o Face?”, lindamente seguida de seríssimas indagações sobre o meu estado de espírito, se havia acontecido alguma coisa comigo, se estava tudo bem. Preocupação geral, alerta nacional. Para mim foi apenas um clique, mas a reação que provoquei fez eu achar que havia tentado me suicidar, só que sem ter ficado sabendo.

Minha ausência não durou muito. As 48 horas durante as quais permaneci fora da maior rede social do mundo foram bastante estranhas, não necessariamente de uma forma negativa. A sensação é basicamente de estar à margem de uma extensão do mundo, pois o Facebook entrou na vida das pessoas em uma proporção tão absurda que as coisas, de fato, acontecem dentro dele. A gente fica sabendo de notícias importantes através de um balãozinho vermelho, e ai de quem não clicar a tempo de acompanhar o ritmo da sociedade online. 

Sou obrigada a confessar: gostei da sensação. Adorei não saber o que todo mundo está fazendo, não ver a foto da comida de ninguém, não ler reclamações sobre o tempo, ou autopromoções lamentáveis. Assim como curti (perdoem o trocadilho) sentir que não fazia parte, por esse breve período, de um espetáculo em que o show equivale a publicações, e os aplausos, a cliques e comentários. Continuei existindo mesmo sem ninguém ficar sabendo.

Pois bem, abandonei as tropas de resistência. Voltei. Sou humana e também um perfil. De nada, Mark.

Um comentário:

  1. Tu já viste este video: http://youtu.be/i2QCVs0q-vU ???
    Hehehe.. é demais.
    Só não concordo que digas que não estás no melhor período da tua existência se andas questionando tua insatisfação "crônica" sem fundamento.

    Se questionas, já é um momento melhor do que quando vives "sem perceber"...

    Se és insatisfeita (o que é ótimo, pois é a insatisfação que leva às mudanças) e procuras o motivo disto, talvez encontre!!!

    Talvez descubras que tua proposiçõs básicas do existir estão clamando por ações que não estás executando!
    Talvez descubras que és mais do que um espectador de telas azul e branco!
    Talvez descubras que viver ao vivo in loco é muito mais vivo do que assistir "ao vivo".

    Acho que estás na melhor fase de tua vida, até então!
    Se souberes aproveitá-la, sim, construirás pra ti, infinitas fases, cada vez, melhores!

    Tenha fé [em ti, mesma]!!!

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