quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Para onde você foi?


Dois anos de namoro. Casamento de 25 anos. Amizade de 10. Relacionamentos que, duradouros ou nem tanto, permitem-nos a ousadia de dizer: eu conheço você. Por mais que a essência de uma pessoa possa ser revelada na sinceridade de um olhar, a convivência contínua é o que nos dá a segurança de que sabemos quem, afinal, caminha ao nosso lado.


Espere aí. Sabemos?


O jogo vira quando somos surpreendidos pela imprevisibilidade humana. Por mais que alguns de nós sejam atados a ideais e costumes, não conheço quem tenha nascido com um script em mãos. Prova disso são os momentos em que surpreendemos até a nós mesmos. Se não reconhecemos nem as próprias atitudes, que petulância a nossa querer prever o que virá do outro. Não sendo médium, o melhor é desistir dessa tarefa.


O fato é que a maioria de nós desaprova quando o inesperado surge de quem julgamos conhecer. Mesmo que a surpresa não tenha nada de desagradável, parece-nos desrespeito a falta de aviso. Nesse caso, esse sentimento lembra aquela inconveniente visitante periódica, a insegurança. Nem sempre é fácil aceitar que as pessoas de quem gostamos não precisam de nós para dar novos passos, mas é mesquinhez reprovar e tolher suas decisões em razão do próprio receio.


Não podemos esquecer de que existem as mudanças que não nos parecem – e muitas vezes não são – positivas. Às vezes as pessoas com quem nos importamos realmente tomam atitudes com as quais não concordamos. Isso porque os critérios de cada um não pedem consentimento alheio; são particulares. Por vezes, podemos ficar perplexos e deixar escapar um ou outro “eu não te reconheço mais”. Porém, cada um é livre para fazer, pensar e falar o que quiser, até que provem o contrário. Cabe a nós aceitar que as pessoas vêm e vão, esperando que venham mais – e de bom grado.


O importante é não cobrar a mesmice do próximo, principalmente porque as mudanças compõem a trajetória que percorremos em busca de evolução. E também porque é indiscutível que a inconstância torna a vida mais divertida. Sejamos as tais metamorfoses ambulantes, como preferia ser Raul, e deixemos a previsibilidade apenas para a certeza do último fechar de olhos.

2 comentários:

  1. As pessoas se afastam a partir do momento que suas metas não são mais as mesmas. Creio que
    um grande problema seja realmente conhecer demais alguém, a ponto de que esse alguém não conseguir te surpreender novamente.

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